Blog Nos Mínimos Detalhes: Os talentos da base do Nacional não podem ser ignorados por uma substituição equivocada

22 JAN 2017
22 de Janeiro de 2017
Atletas do Leão da Vila ainda lamentam o vice-campeonato do 2º turno - Amazonense Juvenil.
Foto: Deyvid Jhonatan/Rádio JÁ Panamazônica
Não é segredo pra qualquer torcedor amazonense que a base do Nacional é pouco valorizada. Vários jovens talentos formados no Leão da Vila Municipal acabam se profissionalizando em outros clubes locais, e os raros jogadores que chegam ao plantel principal pouco jogam ou sequer são utilizados durante a temporada.

Em 2017, o time Sub-18 do Nacional chegou às finais do segundo turno do Amazonense Juvenil 2016, após vencer o Tarumã nas semifinais por 7 a 3. Possui o melhor ataque entre as 9 equipes que jogaram, com 50 gols marcados. Além disso, é a única equipe em toda competição que marcou pelo menos 1 gol em todas as partidas que disputou (19 partidas ao todo).

66% dos gols marcados pelo Nacional foram da dupla de atacantes Rafael Rennardy e Léo Andrade. Enquanto Rafael fez 19 gols, Léo fez 14. O camisa 9 Rafael é vice-artilheiro da competição, enquanto o camisa 11 Léo é 3º colocado (Patrick, do Rio Negro, lidera com 21 gols).
Da esquerda pra direita: Léo Andrade, Lucas Rosas e Rafael Rennardy.
Foto: Deyvid Jhonatan/Rádio JÁ Panamazônica
Na final contra o Manaus FC, a equipe não contou com Léo, suspenso pelo terceiro cartão amarelo. Como o jogador Neto esqueceu a identidade no dia do jogo, o titular foi Keven, jogador que marcou dois gols na semifinal contra o Tarumã.

No primeiro tempo, o Nacional venceu por 1 a 0, com gol marcado pelo meia Ligeiro. Camisa 10 do Leão da Vila Municipal, o meia vinha fazendo grande temporada, e segundo os próprios companheiros de equipe, era o melhor jogador atuando pelo time Juvenil, podendo ser eleito craque do campeonato.
Ligeiro marcou 8 gols pelo Nacional na competição, sendo este contra o Tarumã um golaço!
Filmagem: Deyvid Jhonatan/Rádio JÁ Panamazônica
Logo que começou o segundo tempo, o treinador Leandro Lima e o auxiliar técnico Ademar Sandro tomaram uma decisão que custou o resultado da partida. O Manaus FC atacou durante grande parte do jogo pelo lado direito da defesa do Nacional. Aos 4 minutos, o lateral-direito Marcos Paes precisou fazer falta e levou cartão amarelo. Aos 7 minutos, o mesmo Marcos Paes acabou sacado para a entrada do camisa 17, Torres. Marcos saiu inconformado da partida.

Torres até pareceu que entraria bem na partida, ao dar passe para Rafael Rennardy quase marcar o segundo gol do Nacional. Mas o que se viu depois foi uma série de erros do camisa 17, bastante xingado pela torcida durante sua participação. Isso porque Torres fez falta que resultou no primeiro gol do Manaus FC, e poucos minutos depois, o mesmo Torres deu um carrinho frontal nas pernas de Ravier dentro da área, que resultou no gol da virada do Gavião do Norte.

Tamanho era o nervosismo do jogador, os treinadores não tiveram escolha: sacaram Torres do jogo após ele atuar por 16 minutos, para alegria da torcida nacionalina. Porém, o estrago já estava feito, pois a equipe nacionalina ficou nervosa, com seus atletas ou fazendo vários lançamentos, ou correndo com a bola sem tocar, finalizando de qualquer distância.

Apesar da parada técnica por conta do calor, nada mudou. Um Nacional perdido e desesperado em campo contra um Manaus FC consciente de que era questão de tempo para ampliar o placar. E foi o que aconteceu: a equipe comandada por Roberley Assis chegou ao terceiro gol após gol contra de Lucas Pereira. E após a derrota de 3 a 1, o goleiro Thales foi até a torcida do Nacional presente no CT Barbosa Filho. O jogador agradeceu o apoio e pediu desculpas pelo resultado.

Com 18 anos, Thales foi goleiro da equipe principal do Nacional em 2016. Porém, sendo terceiro goleiro, não atuou em qualquer partida do Leão pelo principal. E se dizem que no Nacional faltam jogadores com amor à camisa, a torcida pode contar com o jovem arqueiro, que além de atuar pelo clube, é torcedor do Nacional. Falei com Thales após o jogo, que ainda triste, desabafou:

- Queimaram praticamente o elenco todo. Você sabe a dificuldade do Nacional na base. A gente conseguiu chegar até uma final. Era pra calar a boca de muita gente que não nos valoriza. Aí acontece uma coisa dessas. Esse tipo de coisa desanima muito. Por isso tem muito jogador que desiste.


Thales, goleiro da equipe Juvenil do Nacional.

A verdade é que a base do Nacional deve seguir sendo ignorada por conta da derrota. A torcida que não costuma acompanhar o Leão na base, já corneta o time por ter perdido o título no CT.

Foram poucos que viram a partida. Poucos que entendem que existe talento, e muito talento na base do Nacional. O goleiro Thales, o atacante Rafael Rennardy e o meia Ligeiro são atletas que podem pegar experiência maior na equipe principal do Leão. Mas se torna quase impossível esses atletas terem seu talento reconhecido por conta de um simples jogo.

O Manaus FC, campeão do segundo turno, é uma equipe que rotineiramente promove jogadores da base pro profissional. Rickson, artilheiro do Manaus FC no Juvenil, é atleta do time principal. O Fast, atual campeão amazonense profissional, tem no time principal jogadores vindos da base. Que o Nacional possa reconhecer os bons frutos que tem em seu time. Se não custa olhar para as coisas boas que são feitas, custa olhar para o próprio CT para fazer um bom trabalho?

Que os garotos não paguem o preço por um erro que foi cometido por adultos!


Blog Nos Mínimos Detalhes, por Deyvid Jhonatan
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