Ao final do jogo, o técnico Igor Cearense disse ter gostado da postura do time, enaltecendo as chances criadas e destacando o gol de empate aos 43 minutos do segundo tempo.

Com todo respeito ao treinador, mas apenas "tapou sol com a peneira". O Iranduba tem desperdiçado várias oportunidades em praticamente todas as rodadas do Brasileirão. É necessário frisar também as substituições que Igor tem feito durante as partidas, que mais atrapalham do que organizam o Hulk dentro de campo.

O jogo contra o Audax foi mais um exemplo disso. Ao sacar Amanda Brunner para a entrada de Giselinha, Igor perdeu a criação de jogadas no meio campo, sobrecarregando Djeni na função. Foi desnecessária tal alteração, pois Elisa (que ainda estava em campo naquele momento) estava atuando bem pela esquerda, dificultando a vida de Fran (lateral-direita do Audax).

Sem alguém pra organizar as jogadas, Giselinha pouco apareceu no jogo e acabou facilitando a vida de Fran. Igor até tentou corrigir o esquema, sacando Elisa pra colocar Deise, mas apenas tirou uma das poucas jogadoras que estavam conseguindo finalizar pra meta da arqueira adversária.

Detalhe: o segundo gol do Audax saiu após uma finalização pra fora de Giselinha, que invadiu a grande área pelo lado direito. Com o espaço deixado por ela, o Audax fez o contra-ataque e virou o jogo aos 36 minutos do segundo tempo.

O empate do Iranduba veio no talento individual das jogadoras. Monalisa, acertando um belo chute de trivela, que foi rebatido pela goleira e foi aproveitado por Paulinha. Um resultado pra lamentar, especialmente porque atletas do Audax sentiram demais o cansaço da partida, caindo bastante no gramado. O empate contra um adversário que suportou como pôde no segundo tempo, que fez substituições corretas (o 2º gol do Audax veio de uma atleta que saiu do banco de reservas), mas que estava se arrastando nos 20 minutos finais de jogo, foi pouco.

Igor Cearense já acumula 19 partidas no comando do Iranduba, sendo 4 pelo Estadual, 5 pela Libertadores e 11 pelo Brasileirão. Com 7 vitórias, 7 empates e 6 derrotas, o treinador tem a média de 46,66%. 

Adilson Galdino, o último treinador do Hulk antes do comando de Igor Cearense, comandou a equipe por 24 partidas. Foram 13 vitórias, 6 empates e 5 derrotas (média de 62,50%).

Porém, vale sempre lembrar que nos Estaduais de 2017 e 2018, Iranduba e 3B foram muito superiores à todos os outros clubes. Se forem desconsiderados todos os jogos do Estadual (mantendo apenas as partidas contra o 3B), a média de ambos cai ainda mais.

Pra se ter ideia, 40,74% de aproveitamento é pior que a média do São José-SP, atual 8º colocado do Brasileirão Feminino com 14 pontos em 11 jogos disputados (42,42%). Ou seja: Igor tem de superar a si próprio se quiser classificar o Iranduba para às quartas de final.

1º - Com Igor Cearense no comando, o Iranduba foi campeão Estadual de 2018. Porém, pela fase de grupos, o Iranduba havia perdido por 3 a 2 pro 3B, com 3 gols de Paola. Na final, Paola, artilheira da competição, não participou da partida.

Tanto ela quanto a volante Claudia Soto saíram do clube um dia antes da final, pois haviam recebido proposta do Audax-SP. Sem duas das principais atletas das adversárias, o Iranduba teve a vida facilitada para a conquista do oitavo título seguido do Estadual.

2º - No comando de Igor, o Iranduba ficou no 3º lugar da Libertadores Feminina de forma invicta. Mas poderia sequer ter passado da fase de grupos, já que a equipe atuou de forma irregular durante todo o torneio, com apenas 1 vitória conquistada e 4 empates.

O Iranduba, ainda na fase de grupos, foi beneficiado pelas heroínas improváveis do Flor de Pátria-VEN, que haviam perdido os 2 primeiros jogos da Libertadores. Mesmo eliminadas, as atletas do time venezuelano venceram o Cerro Porteño-PAR por 3 a 0 e classificaram a equipe amazonense para a fase semifinal.

3º - O gol de empate feito por Paulinha contra o Audax-SP, que "transformou" um resultado frustrante em um discurso sobre como o Iranduba foi raçudo.

Restam apenas 4 rodadas para o fim da fase de grupos do Brasileirão Feminino. Apesar de ter chances de classificação, a verdade é apenas uma: o Iranduba precisa acordar pra realidade, porque a luta é contra o rebaixamento. Classificação pra G8 seria um presente dos deuses!